Quero ser o rio e não o que leva a correnteza, pois quero ser a origem e não a conseqüência.
Quero ser o galho que é levado no bico e não o pássaro, pois antes de ser o criador, quero ser a massa de que é feito a criatura.
Quero ser o fruto e não a semente e menos a raiz, pois quero antes de sustentar , antes de procriar, adoçar e alimentar os que serão filhos da terra.
Quero ser o que vai e não o que vem, para antes de ser a esperança no sorriso de quem chega, ser a fé na lágrima de quem parte.
Quero antes de ser múltiplo ser único, para antes de me conformar com a perpetuidade da luta não esquecer de lutar pela sobrevivência.
Quero ser o que me proponho a ser e não o que gostaria de ser,pois assim, ainda me bastará não me tornar o que definitivamente não sou.

Quero ser a pergunta e não a resposta, pra nunca perder a sede de aprender e a humildade de reconhecer meu mais absoluto despreparo como ser humano.
Ah! como eu queria amar e ser amado para não sofrer o revés de, ao ser um e não ser outro, morrer por ter um amor pela metade.
Só não quero escolher entre ser o antes e o depois, pois como Deus, não teria esse delicioso e inesgotável prazer de não ter direito a escolha, mesmo a errada, essa que tenho feito nos momentos mais delicados de minha vida mas da qual, não me passa pela cabeça qualquer arrependimento. Ou passa?

(Claudio Rabello)
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