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terça-feira, 19 de junho de 2007

O Sol e a Água


O sol do início da tarde cintilava na água onde navegavam dezenas de barquinhos em miniatura, impulsionados por um ventinho ligeiro.

Olhei então para cima e vi um par de pipas vermelhas planando no ar, com rabiolas compridas e azuis.

Dançavam lá no alto, bem acima das árvores da ponta oeste do parque, por sobre os moinhos, voando lado a lado como um par de olhos fitando San Francisco, a cidade que eu agora chamava de lar.

E, de repente, a voz de Hassan sussurrou nos meus ouvidos:

"Por você, faria isso mil vezes!" Hassan, o menino que corria atrás das pipas como ninguém. Sentei em um banco do parque, perto de um salgueiro.

Pensei em uma coisa que Rahim Khan disse um pouco antes de desligar, quase como algo que lhe houvesse ocorrido no último minuto. "Há um jeito de ser bom de novo."

Ergui os olhos para as pipas gêmeas.

Pensei em Hassan.

Pensei em baba.

Em Ali.

Em Cabul.

Pensei na vida que eu levava até que aquele inverno de 1975 chegou para mudar tudo.

E fez de mim o que sou hoje.

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